segunda-feira, 26 de abril de 2010

Antigo, inédito.


A seleção francesa vinha de uma campanha na primeira fase aquém do esperado. Por todos. Inclusive pelo mais pessimista torcedor dos 'Bleus'.

Dois empates nos primeiros jogos – contra Suiça e Coréia do Sul – e uma vitória no sufoco na já desclassificada seleção de Togo, sem Zidane suspenso por dois cartões amarelos nos primeiros jogos.

Pois bem.

Classificada em segundo do grupo, o time do blasé Raymond Domenech enfrentaria a Espanha nas oitavas-de-final.

Justo a Espanha, que tanto o aplaudiu naqueles últimos 5 anos de sua passagem pelo Real Madrid, poderia ser a seleção a aposentar Zidane.

Hanover, 27 de junho de 2006.

O jogo começa e o 'quadro' é o mesmo: a Espanha comanda o jogo – como vinha fazendo durante os 3 jogos da primeira fase – e a França não se encontra. A bola parece um objeto estranho quando sob domínio do desorganizado time francês.

Zidane, que por debaixo do uniforme usa uma camisa escrita 'Merci' em alusão àquela que pode ser sua última partida de futebol, não chega a maltratar a bola porém não é ZIDANE. Aos 26 minutos David Villa marca, de pênalti, 1 a 0 pra Espanha.
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O jogo é morno e num lampejo, aos 41, Vieira deixa o, até então, achincalhado Ribery na cara do gol pra empatar o jogo: 1 a 1 e fim do primeiro tempo.

Intervalo de jogo e aí então ZIDANE renasce.

O panorama da partida muda. A Espanha que tem tradição de amarelar cumpre à risca seu papel e ZIDANE, o cerebral ZIDANE, está em cena. E como é bonita a cena, quando ZIZOU está nela. A bola parece gostar dos seus pés calçados pelas únicas chuteiras da cor de ouro, na copa. Não há malabarismos, não há firula. Há classe.

Aos 83 minutos, ZIDANE cobra falta em direção a área e Vieira testa pro fundo gol espanhol. Virada francesa. Desespero espanhol que, àquela altura, teria apenas 7 minutos pra tentar se manter no mundial e aposentar ZIDANE.

Teria.

Porque ZIDANE, finalmente, apareceu na Copa.

Aos 92, ele rouba a bola, “triangula” com Gouvou e Wiltord, recebe, corre com a bola sob domínio, adentra à area, corta Puyol e bate seco, no contrapé de Casillas: GO-LA-ÇO. Maiúsculo, como ZIDANE é.

Pela primeira vez na Copa Zidane sorrí. Na comemoração do gol, um trote em direção aos fotógrafos mostrando a língua. Foi a renascença de ZIDANE na copa para, no dia seguinte, o jornal espanhol “MARCA” estampar na capa “Não se aposente nunca!” e o francês “L'Equipe” - em letras garrafais - escrever “MAGIQUE!



(Tiago, 06/02/2010.)

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