terça-feira, 23 de outubro de 2012

O brasileiro.



O brasileiro é um povo curioso. 

Oscila da auto-piedade mais miserável à arrogância mais histérica.

Quer prova?

Véspera da Copa na Ásia: classificação penosa e um coro quase unânime de que cairíamos fora já na primeira fase. Todas os adversários eram melhores. Até os que não eram. Felipão & cia voltam com o caneco e mostram, senão bonito (e foi contra Inglaterra e Alemanha), um futebol eficiente.

Véspera da Copa na Alemanha: classificação tranquila, exibição de gala 1 ano antes na Copa das Confederações, melhor do mundo com a 10, melhor 1, 2, 3, 4, 5... Um tal de "conosco ninguém pode". A expectativa era de show em todos os jogos: pedalada de marcha-à-ré, Adriano canhotando de tudo quanto é lado, Gaúcho fazendo circo, Kaká a 200/h e Ronaldo sapecando 5 gols por jogo. A coisa tinha cara de desfile, tomou cor e forma de medo e virou (segundos depois do chapéu de Zizú em Ronaldo) pesadelo

Agora temos um tal de Anderson Silva levando (e pior: SE levando) ao estágio mencionado no inicio do texto. O brasileiro vivia a ressaca pós-Dunga e uma safra pouco promissora na renovação da Seleção. Adotou então essa coisa que é o tal UFC ao enxergar que uma excelência no assunto tinha nascido aqui, no Brasil.

Não se tem conhecimento se Anderson Silva sabe perder. 

Mas já sabemos que não sabe ganhar. Sem rodeios: ver UMA luta é o suficiente pra perceber que ele caçoa do adversário enquanto "escolhe" (e não "procura") o momento de vencê-lo. É como se quisesse passar que "ganho no segundo que eu quiser". Gesticula para a plateia, ri enquanto ginga desviando dos golpes e aqui e acolá faz alguma munganga após derrotar o oponente. Inegavelmente possui vocação circense.

Fosse de qualquer outra nacionalidade, as pessoas daqui o odiariam. Ouviria-se dizer que não respeita os adversários e todo aquele blá blá blá do brasileiro quando ferido no esporte.

Mas Silva é de São Paulo e o brasileiro fica excitado com ele no palco octógono. Faça o que fizer, é brasileiro e pode tudo. Até desrespeitar os adversários. E o Anderson gosta.

Como se o fato de ser excelência no que faz lhe desse o direito de ser idiota com os oponentes.

Não dá.

Como não dá a Federer (excelência no tênis), como não dá a Messi (excelência no futebol). 

Exemplos de quando ganham. Exemplos de quando perdem. 



terça-feira, 16 de outubro de 2012

Assumindo o posto.

O lado ranzinza dirá que foi APENAS o Japão.

O lado racional enxerga uma evolução. Na postura e na forma de jogar - inclusive quando sem a posse de bola.

Haverá, ainda, quem diga que "uma evolução é algo óbvio, pois pior não poderia ficar" (à la Tiririca e o "pior que tá não fica!")

O fato é que a entrada de Kaká no time deu padrão de jogo e nítida confiança ao resto do time. Neymar e Oscar, dois moleques, agora têm com quem dividir a responsa que é carregar o selecionado de quase 200 milhões de técnicos.

E há um ponto crucial no (até então) sucesso da entrada do meia nesse time do Mano: Kaká assumir o posto de líder de um time.

Como não fez no SP, como não fez no Milan, como não fez nas Copas de 2006 e 2010 - e especialmente nessa última esperava-se muito.

Apesar de ter estado no grupo campeão da Copa nipônica, o atual 8 da Seleção não se destacou nas Copas em que atuou e sabe que se quiser entrar na galeria dos GRANDES, tem de arrebentar nesse tipo de competição. Em 2006 fez o gol na estreia, foi sombra nos dois jogos seguintes, deu um passe espetacular pra Ronaldo abrir o marcador contra Gana nas oitavas e contra França ninguém é capaz de dar notícia. Em 2010, arrodeado de "soldados" limitados no quesito BOLA, não conseguiu carregar nas costas (o que era óbvio!) o time do sargento Dunga.

Não adianta: arrebentar numa Copa é diferencial na hora de separar os craques dos bons jogadores; os GRANDES dos MAIORES.

Kaká sabe disso e sabe também que 2014 é sua última chance.

Que aproveite!



Algumas notas:
* Com a volta dos laterais Marcelo e DaniAlves, é provável que um dos que formam o quarteto de frente (Hulk-Oscar-Kaká-Neymar) saia do time titular para entrada de um "volante-volante". O paraibano (que, a propósito, na minha opinião nem deveria estar no grupo) seria minha indicação.
* Me preocupa a posição de lateral esquerdo: Marcelo é o melhor na posição. Mas é tão "bomba-prestes-a-explodir" quanto Felipe Melo. E a história do Felipe nós sabemos o final...
* Me causa estranheza não ver um 9 no time. Falo no sentido do centroavante. Mas serve também pro número: único de 1 a 11 que não temos visto durante o hino (Hulk usa a 20).
* Alguém reparou como a ascensão do Oscar, do Lucas (SP) e a volta do Kaká nos fez esquecer de um tal PH Ganso?
* Se a convocação para a Copa fosse HOJE (e eu fosse o técnico), Fred, Nem e Rogério Ceni estariam entre os 23. Se o Adriano estivesse em forma iria no lugar do Fred.
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