O brasileiro
é um povo curioso.
Oscila da auto-piedade mais miserável à
arrogância mais histérica.
Quer prova?
Véspera da Copa na Ásia: classificação penosa
e um coro quase unânime de que cairíamos fora já na primeira fase. Todas os
adversários eram melhores. Até os que não eram. Felipão & cia voltam com o caneco e mostram,
senão bonito (e foi contra Inglaterra e Alemanha), um futebol eficiente.
Véspera da Copa na Alemanha: classificação tranquila, exibição de gala 1 ano antes na Copa das Confederações, melhor do mundo com a 10, melhor 1, 2, 3, 4, 5... Um tal de "conosco ninguém pode". A expectativa era de show em todos os jogos: pedalada de marcha-à-ré, Adriano canhotando de tudo quanto é lado, Gaúcho fazendo circo, Kaká a 200/h e Ronaldo sapecando 5 gols por jogo. A coisa tinha cara de desfile, tomou cor e forma de medo e virou (segundos depois do chapéu de Zizú em Ronaldo) pesadelo.
Agora temos um tal de Anderson Silva levando (e pior: SE levando) ao estágio mencionado no inicio do texto. O brasileiro vivia a ressaca pós-Dunga e uma safra pouco promissora na renovação da Seleção. Adotou então essa coisa que é o tal UFC ao enxergar que uma excelência no assunto tinha nascido aqui, no Brasil.
Não se tem conhecimento se Anderson Silva sabe perder.
Mas já sabemos que não sabe ganhar. Sem rodeios: ver UMA luta é o suficiente pra perceber que ele caçoa do adversário enquanto "escolhe" (e não "procura") o momento de vencê-lo. É como se quisesse passar que "ganho no segundo que eu quiser". Gesticula para a plateia, ri enquanto ginga desviando dos golpes e aqui e acolá faz alguma munganga após derrotar o oponente. Inegavelmente possui vocação circense.
Fosse de qualquer outra nacionalidade, as pessoas daqui o odiariam. Ouviria-se dizer que não respeita os adversários e todo aquele blá blá blá do brasileiro quando ferido no esporte.
Mas Silva é de São Paulo e o brasileiro fica excitado com ele no palco octógono. Faça o que fizer, é brasileiro e pode tudo. Até desrespeitar os adversários. E o Anderson gosta.
Como se o fato de ser excelência no que faz lhe desse o direito de ser idiota com os oponentes.
Não dá.
Como não dá a Federer (excelência no tênis), como não dá a Messi (excelência no futebol).
Exemplos de quando ganham. Exemplos de quando perdem.