quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mordaça no Edson


Você pode achar que eu falo bobagem.

Você pode achar que seu vizinho, seu irmão, falam muita, mas muita bobagem.

Mas sequer um destes tem mais capacidade de abrir a boca pra falar besteira que o tal Edson Arantes do Nascimento, o "Pelé".

O REI do futebol é, evidentemente, merecedor de todos e quaisquer elogios. Isso é ponto pacífico. O Edson, como bem disse Mauro Cezar, "é uma fonte interminável de tolices". E isso também é ponto pacífico.

Ora, o que tem na cabeça Edson Arantes do Nascimento pra vir a público manifestar indignação com o fato de darem emprego ao Maradona? Disse: "hoje, ainda tem gente que contrata ele, tem gente que dá trabalho pra ele", referindo-se aos episódios do argentino e o seu envolvimento com as drogas.
Mas como assim, Edson?

Ninguém há de elogiar alguém que se envolve com drogas. Absolutamente. Mas condenar perpetuamente alguém que ESTEVE relacionado às drogas, é correto? Quer dizer que por ter se envolvido com drogas o cara tem de ser fuzilado? É assim?
.
Eu não acho.

Maradona chegou a ser dado como morto no auge da dependência - constatada overdose de cocaína, em coma, reagindo somente no oitavo dia - e, sim, meu caros: deu a volta por cima.
.
Como não dizer que alguém que foi ao fundo do poço por causa das drogas e hoje, pelo menos aparentemente livre delas, rouba a cena em uma Copa não é merecedor de elogios? Evidente que é.

Tempos atrás, li um texto que dizia: "o brasileiro oscila da auto-piedade mais miserável à arrogância mais histérica".

Emblemático, não?

Maradona à beira do campo durante a Copa do Mundo na África, com seu comportamento de total entrega à competição, foi um a show à parte. Antes de cada partida tascava um beijo e um abraço em cada um dos seus fiéis comandados. Em especial no gênio Lionel Messi. Ao fim das partidas, num gesto de carisma, amizade e cumplicidade, ia ao gramado saudar cada um de seus jogadores após as vitórias. E fez exatamente a mesma coisa quando a Argentina levou um vareio do Alemanha, num indiscutível 4x0. Um dia depois, o Brasil caiu diante da Holanda e ao soar o apito do árbitro Dunga virou as costas e foi ao vestiário. Os brasileirinhos dizem que a Argentina saiu humilhada do mundial. Saiu nada. Quem saiu foi o Brasil, que tomou um gol de um "nanico" (Sneijder, 1,69m) e num descompasso da sua até então "imbatível defesa" viu o sonho do hexa escapar de fininho com direito a pisão do Felipe Melo no adversário já caído. A Argentina caiu porque pegou um adversário jogando o fino do futebol. E nem por isso negou suas raízes: jogou o tempo todo no ataque. Não distribuiu pontapés (ao contrário do que se esperava, diga-se) e não se entregou em momento algum.

Mundial da África de lado, por declarações infelizes e nojentas como essa é que Edson (ou até "Pelé" mesmo) não tem metade do carisma de Maradona.
Web Analytics