Você pode achar que eu falo bobagem.
Você pode achar que seu vizinho, seu irmão, falam muita, mas muita bobagem.
Mas sequer um destes tem mais capacidade de abrir a boca pra falar besteira que o tal Edson Arantes do Nascimento, o "Pelé".
O REI do futebol é, evidentemente, merecedor de todos e quaisquer elogios. Isso é ponto pacífico. O Edson, como bem disse Mauro Cezar, "é uma fonte interminável de tolices". E isso também é ponto pacífico.
Ora, o que tem na cabeça Edson Arantes do Nascimento pra vir a público manifestar indignação com o fato de darem emprego ao Maradona? Disse: "hoje, ainda tem gente que contrata ele, tem gente que dá trabalho pra ele", referindo-se aos episódios do argentino e o seu envolvimento com as drogas.
Mas como assim, Edson?
Ninguém há de elogiar alguém que se envolve com drogas. Absolutamente. Mas condenar perpetuamente alguém que ESTEVE relacionado às drogas, é correto? Quer dizer que por ter se envolvido com drogas o cara tem de ser fuzilado? É assim?
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Eu não acho.
Maradona chegou a ser dado como morto no auge da dependência - constatada overdose de cocaína, em coma, reagindo somente no oitavo dia - e, sim, meu caros: deu a volta por cima.
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Como não dizer que alguém que foi ao fundo do poço por causa das drogas e hoje, pelo menos aparentemente livre delas, rouba a cena em uma Copa não é merecedor de elogios? Evidente que é.
Tempos atrás, li um texto que dizia: "o brasileiro oscila da auto-piedade mais miserável à arrogância mais histérica".
Emblemático, não?
Maradona à beira do campo durante a Copa do Mundo na África, com seu comportamento de total entrega à competição, foi um a show à parte. Antes de cada partida tascava um beijo e um abraço em cada um dos seus fiéis comandados. Em especial no gênio Lionel Messi. Ao fim das partidas, num gesto de carisma, amizade e cumplicidade, ia ao gramado saudar cada um de seus jogadores após as vitórias. E fez exatamente a mesma coisa quando a Argentina levou um vareio do Alemanha, num indiscutível 4x0. Um dia depois, o Brasil caiu diante da Holanda e ao soar o apito do árbitro Dunga virou as costas e foi ao vestiário. Os brasileirinhos dizem que a Argentina saiu humilhada do mundial. Saiu nada. Quem saiu foi o Brasil, que tomou um gol de um "nanico" (Sneijder, 1,69m) e num descompasso da sua até então "imbatível defesa" viu o sonho do hexa escapar de fininho com direito a pisão do Felipe Melo no adversário já caído. A Argentina caiu porque pegou um adversário jogando o fino do futebol. E nem por isso negou suas raízes: jogou o tempo todo no ataque. Não distribuiu pontapés (ao contrário do que se esperava, diga-se) e não se entregou em momento algum.
Mundial da África de lado, por declarações infelizes e nojentas como essa é que Edson (ou até "Pelé" mesmo) não tem metade do carisma de Maradona.