Roddick 7-6 no primeiro, Del Potro 7-6 no segundo, 6-2 no terceiro, 5-3 no terceiro e...
Andy Roddick vai pro saque.
Em casa, à beira do precipício (se tivesse o saque quebrado, "já era") e do outro lado um Del Potro consistente demais nesse e no set anterior.
Mas Roddick que é Roddick não é de sucumbir. Ainda mais diante de uma torcida que o empurrou no jogo e NOS JOGOS.
Roddick confirma o saque (não sem antes oferecer um match point ao argentino), a torcida se excita (ouve-se "let's go, Andy, let's go!"), a esposa vai às lágrimas e Del Potro vai sacar pro jogo em 5-4.
Sem drama Del Potro encerraria a carreira do último norte-americano a ganhar um Grand Slam (esse mesmo US Open, em 2003): 7-6, 6-7, 2-6 e 4-6.
O argentino então apontou pro Roddick como quem dizia que os aplausos destinados a ele, vencedor, naquele momento eram pro tenista da casa.
Atual 22º do mundo, Roddick venceu somente um Slam e foi vice em outros quatro (sempre derrotado por um tal Roger Federer). Foi primeiro do ranking por 13 semanas, levantou 32 troféus e não por acaso passou 9 anos entre os dez primeiros do ranking.
Andy carregou nos ombros o peso e a cobrança de suceder ninguém menos que Pete Sampras (parou em 2002) e Ágassi (parou em 2006). Mais: tudo isso no país do tênis.
Um vencedor, que teve de cobrir o rosto com uma toalha pra não mostrar pro mundo que chorava. Como se alguém no mundo não fizesse o mesmo alí, naquele momento e no lugar dele.
Chamado ao centro da quadra, Roddick falou. Pela (ao menos como profissional) última vez:
- "Pela primeira vez na minha carreira, não sei o que dizer. Onde começo? Desde que eu era criança, venho a este torneio e tive a sorte de sentar onde vocês estão hoje, ver os campeões que passaram e adorei cada minuto disso. Foi uma estrada com muitos altos e baixos, agradeço o apoio de vocês. Sei que não facilitei as coisas às vezes. Agradeço muito à minha família, meu pai e minha mãe que estão aqui, minha equipe e amo vocês com todo meu coração. Espero voltar um dia ver todos vocês novamente."
Roddick fará falta. Extremamente inteligente, o norte-americano é daqueles que não costuma sair pela tangente seja qual for o assunto. Sempre que perdeu foi porque seu adversário foi melhor - e não porque doeu aqui ou alí, ou porque o árbitro atrapalhou e etc.
Quando anunciou que esse US Open seria seu último torneio, Roddick que completara 30 anos foi perguntado "o porquê disto, já que Federer tinha 31 e estava muito bem".
- "Federer é uma exceção em absolutamente todos os quesitos. Qualquer comparação com ele é desleal. Seja qual for o outro tenista comparado a ele."
Roddick se despede deixando a sensação de que poderia jogar BEM por pelo menos mais um ano. Penso que essa é a maneira mais bonita e, por consequência, a mais difícil de parar. Parar por cima, jogando bem e com um tênis respeitável demais.
Como sempre foi o padrão Andy Roddick.
E não tomando sacode de qualquer adversário.