segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A hora de parar.


Zidane, Schumacher e Ronaldo.
.
Três gênios do esporte e a sabedoria de parar.
.
O francês e o brasileiro foram os únicos que até então ganharam o prêmio da FIFA de melhor do jogador do mundo por três vezes.
.
Schumacher venceu “simplesmente” 7 campeonatos mundiais na principal categoria do automobilismo e é detentor de um recorde, no mínimo, significativo: é o único piloto a ter terminado uma temporada inteira no pódio – em 2002.
.
Campeão do mundo em 98 com dois gols de cabeça na final ante o Brasil, carregou o selecionado no título da Euro 2000 e no vice mundial de 2006. Zidane parou quando o mundo todo tinha certeza que por pelo menos mais um ano ele jogaria em alto nível. Preferiu parar a correr o risco de ficar se “arrastando” em campo. Os pedidos do presidente do Real Madrí para que assinasse por mais um ano foram em vão. Zidane teve a sapiência de não querer ir além do que o corpo e a mente poderiam, no esporte.
.
Michael Schumacher largou a Fórmula 1 após a temporada de 2006. Decidiu voltar para a temporada 2010. É claro que é direito dele ir e voltar quantas vezes quiser. Mas definitivamente não “bom” pra história do heptacampeão figurar no mundo todo como alguém que não sabe – talvez por não mais poder – competir limpo. Para alguém que sempre competiu em alto nível e brigando pela ponta, não é normal estar com 36 pontos em 300 disputados. Pior que isso é ser protagonista de punições e de momentos bizarros como ultrapassagens proibidas e “fechadas” no adversários que o ultrapassavam. Constrangedor. No quesito “saber a hora do limite”, o alemão parece não ter a mesma sabedoria do francês.
.
Ronaldo Nazário é o personagem que melhor representa o bordão “dar a volta por cima”. Apelidado na Itália de “Fenômeno”, meses após chegar à Internazionale de Milão em 1997, perdeu a final da Copa em 1998, esfacelou o joelho em 2000, recuperou-se quando quase todo mundo o deu como ex-jogador e foi ser campeão do mundo em 2002, decisivo em pelo menos 6 dos 7 jogos na campanha do Penta na Ásia. Um Ronaldo, de novo, fenomenal! Ocorre que, desde 2006 – quando chegou à Copa da Alemanha 12kg acima do peso ideal – o que se vê dentro da camisa 9 é apenas uma sombra do Fenômeno. Assim foi no Milan, quando novamente estourou o joelho já em 2008. Assim vem sendo no Corinthians: Ronaldo se arrastando em campo e, consequentemente, brincando com a paciência dos torcedores que vêem o pesado investimento feito pelo clube indo pro ralo. Afinal, qual retorno (considerável) Ronaldo dá ao Corinthians?
.
Falta ao Ronaldo olhar pra si e perceber que até mesmo um Fenômeno tem limites. Ser sincero, consigo e com seus milhares de fãs, como fez o nosso Guga Kuerten:
.
"Eu aproveito pra agradecer vocês e... não é que eu não queira realmente jogar mais,
eu peço desculpas, mas é que... realmente não consigo mais!"
Ao que me parece, entre ter ou não a sabedoria de parar na hora certa, nosso Fenômeno está mais pra alemão que pra francês.
.
Uma pena!

Um comentário:

  1. Poxa, que texto espetacular. Linguagem clara, contextualizada, e com concisão!

    Quando você quer, vocÊ sabe!! Precisa dar mais valor a isto!

    Bjo, meu amor...

    ResponderExcluir

Web Analytics